Os
estudantes dos dias de hoje têm, em muitos momentos, desprezado os significados
das raízes de palavras bíblicas com o aviso de que estas idéias nunca se
passaram pela cabeça dos cristãos do primeiro século. Eles nos dizem, por
exemplo, que os discípulos primitivos jamais associaram a idéia de
“chamados” com a palavra ekklesia (igreja), quando os apóstolos
usaram este termo para denotar o povo de Deus. Eles pensavam em um “grupo”,
“congregação” ou “assembléia”. O mesmo, dizem eles, pode ser dito da
palavra “parábola” (“colocado ao lado de”) – uma narrativa de um
evento da vida colocado ao lado de uma idéia ou verdade espiritual. Meramente
pensavam em uma “ilustração” ou estória “desenhada”. Então, estou
confiante, pode também dizer que não pensaram automaticamente nas origens de
palavras traduzidas como “sinagoga” (“trazer”+”juntos”), despenseiro
("casa" + "lei"), "apóstolo" ("de" +
"um enviado"), etc.
Até
certo ponto podemos concordar com essas observações, mas precisamos
acrescentar um aviso: aqueles que negligenciam o estudo das origens das palavras
assim o fazem para seu próprio detrimento como estudantes da Bíblia. Estão
roubando de si mesmas imagens e ilustrações que aumentam a compreensão destes
conceitos bíblicos básicos. Aqueles que nos lembram que ekklesia nunca
criou uma imagem de “chamados” nas mentes dos discípulos são rápidos em
apontar nas Escrituras que a igreja consiste daqueles que foram “das
trevas para a sua [de Deus] maravilhosa
luz” (veja 1 Pedro 2:9-10). O conhecimento da origem de uma palavra
e das utilizações antigas fornece aos evangelistas e professores materiais básicos
com os quais podem trazer os estudantes da Bíblia de volta à essência da
igreja do Senhor. E é assim com muitas outras palavras.
Uma
verdade importante, por exemplo, está inculcada nas mentes dos nossos jovens na
idéia original da palavra “fornicação”. O seu significado, neste caso, é
mais que uma ilustração; é a base para a compreensão da natureza essencial
deste pecado. Os termos “prostituta”, “fornicação”, “fornicar” e
“fornicador” todos vêm de uma palavra que significava “vender” e é a
base da palavra em português “pornografia”. Compreendemos a relação
destas palavras a “prostituta”– uma pessoa que vende o seu corpo, um que
negocia o corpo por dinheiro.
Sim,
sabemos que as imagens de “negociar” ou “transação” de negócios nunca
passou pela cabeça dos cristãos quando ouviram a palavra porneia
("fornicação"). Eles, certamente, pensaram em “imoralidade
sexual” e imaginaram homens e mulheres unindo seus corpos sexualmente em relações
fora do casamento. E eles, pela palavra em si, nunca pensaram em pessoas tendo
relações sexuais por dinheiro. Tudo isso é claro. Mas o que não foi visto,
ao negligenciar o significado da raiz da palavra, é que a fornicação é
essencialmente uma venda do corpo; é uma negociação ou transação feita
entre uma ou mais pessoas.
Para
compreender isso, devemos pensar no plano original de Deus para o casamento. A
mulher foi feita para o homem, e o seu corpo foi feito para se juntar ao dele
para popular a terra e fornecer prazer físico e pessoal. Mas aquele
relacionamento só poderia ser aproveitado como uma bênção e privilégio no
casamento – depois que os dois tivessem decidido a “tornarem
uma só carne” até a morte (Gênesis 2:24; Romanos 7:1-3; 1 Coríntios
7:39). Deus revela assim que o casamento é digno de honra e a cama ou a união
de dois corpos é pura no santo matrimônio. O casamento não era um compromisso
com o “corpo”, mas com a “pessoa inteira” – para toda a vida,
inclusive em épocas de doença, pobreza, tristeza, como também em épocas de
prosperidade, prazer e felicidade. A “fornicação”, a união dos corpos na
ausência de um compromisso “pessoal” para sempre, é condenada por Deus, e
ele julgará aqueles que a praticam (veja Hebreus 13:4). Tais pessoas, diz ele,
não herdarão o reino de Deus (veja Gálatas 5:19-21; 1 Coríntios 6:9-10).
Portanto,
o apóstolo Paulo lembra os cristãos que os seus corpos devem ser santuários
do Espírito Santo – que não pertencem a eles. O corpo, portanto, não é
para a prostituição, mas para o Senhor (veja 1 Coríntios 6:12-20). O que é,
então, a “fornicação”, além da imoralidade sexual – a sua violação
dos princípios morais e eternos de Deus? É, também, um “acordo” entre
duas pessoas que envolve vender o corpo; não obviamente, nem necessariamente
por dinheiro, mas por outras comodidades. Quando é vendido por dinheiro é
chamado de “prostituição”, mas para outras coisas é julgada por muitos
como inocente.
Por
que os jovens, ou pessoas de qualquer idade, unem os seus corpos fora do
casamento e fora de um compromisso à “pessoa” – corpo e alma – para
sempre? Uma jovem oferece o seu corpo para um jovem como um negócio: para que
ela possa ir a uma festa com um rapaz popular, para que ela possa se divertir ou
ter prazer, que ele possa viver com ela e dividir o aluguel, para que ele possa
comprar presentes para ela e levá-la a restaurantes chiques, para que ele possa
deixá-la dirigir o seu carro esportivo, para que ele possa gostar dela e ser o
seu namorado. O mesmo, para estas e talvez para outras razões, faz com que um
jovem cometa fornicação com uma moça. Nenhum dos dois une o seu corpo a outro
fora do casamento num vazio ou numa situação neutra. Há sempre na mente de um
ou dos dois um acordo, uma transação, uma negociação do corpo.
Deus
nunca planejou homens ou mulheres para venderem os seus corpos. Deus criou o
homem para amar a sua esposa como o seu próprio corpo, exaltá-la e as suas
necessidades acima de si mesmo, e “grudar nela como cola” (“unir-se” a
ela). Ele planejou a mulher para mostrar afeição a seu marido, respeitá-lo,
reverenciá-lo, e se submeter a ele e às suas necessidades (veja Efésios
5:22-33). Quando estão dispostos a se entregarem um ao outro – não usar ou
negociar um ao outro pelos seus corpos – então podem se unir como uma só
carne, um privilégio e um selo do seu comprometimento para toda a vida.
Qualquer
outra coisa é meramente negociar os seus corpos para favores temporais;
“prostituição”, como o Senhor chama. E disso, os cristãos devem
“fugir”, como fez José, para que não cometam “tamanha
maldade” e pecar contra Deus (veja Gênesis 39:9; 1 Coríntios
6:18).
–por
L. A. Stauffer
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